Brumadinho: Corpo encontrado quase 9 meses após desastre da Vale é identificado - Itabira Online
quinta-feira, abril 18

Brumadinho: Corpo encontrado quase 9 meses após desastre da Vale é identificado

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Ele estava com medo’, diz mãe da 252ª vítima identificada da tragédia em Brumadinho

“Eu tenho certeza de que ele estava com medo. Não teve nem o prazer de engolir a comida. Estava almoçando. A Vale acabou com todo mundo”, disse a mãe de Robert Ruan Oliveira Teodoro, de 19 anos, trabalhador terceirizado da Vale, cujo corpo foi encontrado neste sábado (19/10), em Brumadinho. Ele estava usando o crachá da empresa.

O Corpo de Bombeiros confirmou que o jovem é a 252ª vítima do desastre ocorrido no dia 25 de janeiro a ser identificada. Agora, as buscas seguem por 18 pessoas desaparecidas. A Polícia Civil informou que a identificação foi feita por meio de exames de impressões digitais.

“É outro terremoto na cabeça da gente. Um foi no dia 25, outro hoje. Esperança de ele voltar eu já não tinha mais. Deus ainda teve misericórdia e me mandou ele inteiro”, afirmou a doméstica Iolanda de Oliveira Silva, de 49 anos, mãe de Robert.

Robert Ruan era gêmeo. Mas, três meses antes da tragédia, o irmão, Richard Rean Oliveira Teodoro, foi brutalmente assassinado em um triplo homicídio. Além do jovem, morreram a namorada dele, que tinha 13 anos, e a mãe da garota, que tinha 35.

Os gêmeos fariam 20 anos no dia em que a tragédia completou quatro meses. Segundo a mãe deles, Robert havia dito que estaria minando água da barragem, mas ela conta que, naquele momento, achou que isso seria normal.

“Completou 20 anos debaixo da lama, tadinho. Onde eu vou, eu lembro dos meus filhos. Eles estão em todo canto, na quadra, eles ficavam sentadinhos na rodoviária… Em tudo eles vão estar. Não pretendo ficar aqui. Eu não consigo passar pela Alberto Flores”, relatou Iolanda.

Segundo a Vale, a barragem tinha “todas as declarações de estabilidade aplicáveis e passava por constantes auditorias externas e independentes”. Ainda de acordo com mineradora, havia inspeções quinzenais, reportadas à Agência Nacional de Mineração (ANM).

“Em nenhuma dessas inspeções foram detectadas anomalias que apontassem para um risco iminente de rompimento da barragem”, afirmou a empresa.

Para suportar tanto sofrimento, a doméstica, que teve que se afastar do trabalho, precisa tomar diversos medicamentos por dia, como antidepressivos.

“A última lembrança que eu vou ter é de quando ele saiu de casa, naquele dia. Ele me deu bênção, mandou levar a bolsinha dele na rodoviária, para ele ir para a casa da namorada. Essa é última lembrança dele”, disse Iolanda.

Aihara afirma que as buscas neste local eram dificultadas pelo acúmulo de destroços, a exemplo de eixos de caminhão e pedaços de trator.

O tenente destaca a satisfação dos militares no encontro de cada corpo resgatado. “Sinceramente, é uma sensação de dever cumprido com aquilo que a gente tinha prometido para as famílias. Só quando você acredita muito no trabalho, com a equipe muito motivada e comprometida, você consegue encontrar um corpo com 268 dias de busca”, afirmou.

O tenente afirma que não há previsão para que as buscas sejam encerradas. Segundo ele, os trabalhos devem prosseguir enquanto houver viabilidade para que os corpos sejam localizados ou até que todas as vítimas sejam identificadas.

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